CHICO MENDES 35 ANOS - EMPATE DE RETOMADA
Meta: 150 mil
05/10/2023 - 22/12/2023
VALOR ARRECADADO
DOE R$30
Receba: Certificado digital de doação + foto digital com imagem de Chico Mendes (9 x 13) + e-mail de agradecimento.
DOE R$50
Receba: – Certificado digital de doação + foto impressa (9 x 13) + carta de agradecimento.
DOE R$100
Receba: Certificado digital + foto impressa (10 x 15) + carta de agradecimento.
DOE R$200
Receba: Certificado digital + foto impressa (10 x 15) + bottom Chico 35 + carta de agradecimento.
DOE R$500
Receba: Certificado digital + foto impressa (13 x 18) + bottom + camiseta + carta de agradecimento.
DOE R$1.000
Receba: Certificado digital + foto impressa (15 x 21) + bottom + camiseta + livro Vozes da Floresta + carta de agradecimento.
DOE R$5.000
Receba: Certificado digital + foto impressa (15 x 21) + bottom + camiseta + livro Vozes da Floresta + estandarte do Chico Mendes (45cm x 55cm) + carta de agradecimento.
DOE R$10.000
Receba: Certificado digital + foto impressa (15 x 21) + bottom + camiseta + livro Vozes da Floresta + estandarte (45cm x 55cm) + 1 vaga na Expedição Chico Mendes (a partir de Xapuri) + carta de agradecimento.
Como em todos os anos, graças à parceria generosa de muita gente, o Comitê Chico Mendes sempre consegue fazer uma linda Semana Chico Mendes. Este ano, com certeza, não vai ser diferente.
O problema é que as parcerias institucionais demoram um tempo para serem construídas. E, se deixar pra começar a trabalhar só depois das parcerias consolidadas, a Semana Chico Mendes não fica pronta para a data certa!
É por isso que precisamos da sua ajuda agora: para pagar as despesas operacionais necessárias para organizar a Semana Chico Mendes. Você pode nos ajudar?
Em 22 de dezembro de 2023, o Brasil completa 35 anos sem a presença física de Chico Mendes no espaço deste mundo.
Entretanto, o tiro de escopeta que acertou o peito de Francisco Alves Mendes Filho, em Xapuri, no Acre, na noite de 22 de dezembro de 1988, foi incapaz de apagar sua história de luta e de resistência.
Ao contrário, ao longo das últimas três décadas e meia, o movimento extrativista, liderado por Chico Mendes, seus companheiros e companheiras, que começou no Vale do Acre com os empates de derrubada, resultou na proteção de milhões de hectares de áreas protegidas, primeiro na Amazônia, depois no país inteiro.
Apresentada por Chico Mendes durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado na Universidade de Brasília (UnB), em outubro de 1985, a proposta das Reservas Extrativistas (Resex) tornou-se referência mundial como modelo sustentável de ocupação, guarda e defesa da Amazônia por seus próprios povos e comunidades.
Conforme dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), existem hoje no Brasil 96 Reservas Extrativistas. Juntas, elas abrangem uma área de 15,7 milhões de hectares, onde vivem cerca de 1,5 milhões de pessoas. São milhares de famílias que, por retirarem natureza o seu sustento sem destruí-la, protegem inestimável patrimônio de conhecimento, cultura e biodiversidade na Amazônia e nos demais biomas brasileiros.
Entretanto, nos últimos anos, especialmente depois do golpe que depôs a presidenta Dilma Roussef em 2016, e, de forma mais crítica e grave, desde 2019, e por todo o mandato do ex-presidente inelegível, houve um desmonte sistemático dos programas de proteção, conservação e desenvolvimento sustentável, muitos deles implementados em parceria com comunidades indígenas e extrativistas que vivem e trabalham na maior floresta tropical do planeta.
A própria Resex Chico Mendes (970 mil hectares), uma das quatro primeiras Resex do Brasil, criada por decreto presidencial em março de 1990, junto com três outras Resex – Alto Juruá (AC), Rio Cajari (AP) e Rio Ouro Preto (RD), encontra-se outra vez sob pressão da grilagem de terras, do desmatamento, da exploração ilegal de madeira e, fenômeno mais recente, das investidas cada vez mais ostensivas do narcotráfico sobre o território da Reserva.
Por essa razão, agora, nos 35 anos do assassinato de Chico Mendes, o Comitê Chico Mendes, hoje presidido por Angela Mendes, filha de Chico, faz um chamado pela organização de um grande “Empate de Retomada”, em defesa da memória, do legado e das iniciativas de sustentabilidade que, inspiradas nos ideais de Chico Mendes, persistem, na floresta e fora dela, por todos os biomas brasileiros.
Organizado sob o lema “Chico Mendes 35 Anos – Empate de Retomada”, o programados 35 anos está centrado na retomada da luta histórica dos povos da floresta, depois do massacre sofrido pela Amazônia e pelos povos que nela vivem, sobretudo nos últimos seis anos da vida política brasileira.
Empates foram manifestações pacíficas organizadas pelos seringueiros e seringueiras do Vale do Acre, no extremo oeste da Amazônia brasileira, a partir da década de 1970, quando os chamados “paulistas” (invasores do sul do país) contrataram jagunços para derrubar grandes extensões de floresta, dando lugar a áreas “limpas” para o plantio de capim, destinados à implantação da pecuária.
Os empates foram fundamentais para ancorar a resistência dos seringueiros e seringueiras no tempo dos grandes conflitos na floresta, na época da violência do latifúndio que resultou no assassinato de Chico Mendes, em 22 de dezembro de 1988. Uma morte que não foi em vão. “Um grito verde que não cessa”, conforme título do poema de Pedro Tierra.
Ali, no meio da floresta densa, homens, mulheres e jovens colocavam-se em frente aos jagunços para, com seus próprios corpos, suspender o corte das árvores e proteger a floresta do desmatamento. Por vezes, Chico Mendes e outras lideranças conseguiam “empatar” a derrubada, ou ganhar tempo para encontrar uma saída negociada, evitando que casas de seringueiros fossem queimadas com mulher e criança dentro, como registra a história.
Diz-se que essa luta só se tornou possível e vitoriosa porque as pessoas se colocavam, elas mesmas, como elementos da própria natureza: “As mulheres eram a castanheira, a envireira, os cipoais. Os anciãos eram os pássaros, os insetos, as larvas, os animais.
Os homens, a sapucaia, a sapopema, o tucum. As crianças eram os riachos, os lagos, as gotas teimosas do orvalho, o ciclo da chuva.”
A partir de 1989, com a criação das primeiras Reservas Extrativistas, começou um período de pequenas conquistas para os povos da floresta. Vieram a expansão das Resex por todo o país, novos modelos de áreas protegidas, como as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), e os financiamentos de projetos pela cooperação internacional e por mecanismos do Estado brasileiro, como o Fundo Amazônia, por exemplo.
Nos últimos seis anos, entretanto, houve um grande desmonte das conquistas alcançadas pela luta de Chico Mendes e dos povos da floresta. No governo anterior, derrotado pela democracia nas eleições de 2022, incentivou-se a grilagem, as queimadas, o garimpo ilegal, o desmatamento, o roubo da madeira e dos produtos naturais da Amazônia.
É, portanto, chegada a hora de “empatar” o retrocesso com uma grande mobilização, na floresta e fora dela, e nos juntarmos neste grande “Empate de Retomada”, para honrarmos a memória e seguirmos em frente em busca de dias melhores para os povos da floresta, para a floresta amazônica e, conforme dizia Chico Mendes, para a própria humanidade.